terça-feira, 21 de maio de 2013

Nosso lago



Agora tenho mais um lugar para nos imaginar juntos. Nessa cidadezinha fria e bela, me atrevo a dizer que ela não se atreveria a ser tão bonita assim... Se você não estivesse presente nessa memória. Porque faltaria algo para completar a paisagem, meu vislumbre. Faltaria o olhar que encontraria o meu e contemplaria junto comigo o vento movimentar as águas de leve, em ondulações que me lembram o efeito suave do sopro. Sopro esse que quero imitá-lo contornando teu pescoço, me aproximando os lábios do teu ouvido num sussurrar agradável e confidente. Para confessar o que tu já sabes mas que necessito ainda dizer. Para me expressar em todos os sentidos o quanto esperei por esse toque, por teu perfume, por sua voz chamar meu nome... E até para me afogar - em teu sorriso, em teus olhos, em tua boca. E não precisaria dizer mais nada. Até porque se o silêncio resolvesse se fazer entender, ele não seria capaz de explicar. Por isso que ele se cala, teu abraço me embala e meu coração se rende. A melhor rendição de todas. Mãos para cima e o sentimento é todo teu - e faço questão de entregar-te. 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

À meia noite


Há casos em que se decepcionar faz realmente bem a você. Porque finalmente se nota que expectativas e pré-julgamentos não passam dos significados dos mesmos. É bem ao pé da letra, e a realidade, a realidade é outra. Mais crua e difícil de descer quando se está encantado demais. Mas ainda bem, que sorte a minha, que uma hora ou outra, chega a meia noite e o encanto se vai.  E é satisfeita, convicta e sem receio de errar que não digo sequer "Até logo". 

domingo, 7 de abril de 2013

Da entrega


"Entrega a mim seus medos. Confesse o mais íntimo de ti. Não precisa maquiar verdades, nem se envergonhar pelo que se é. Entrega o que há em minhas mãos e deixe-me seguir ao seu lado, com suas preocupações extintas, porque te ajudarei com elas. Entrega os seus desejos, os seus sentimentos. Partilha deles comigo, deixando-os fluir naturalmente. Mas que não demore."
Entrega, porém, não deve ser vontade solitária, cobrança ou tampouco intimação. Entrega é algo gradativo, exige confiança e confiança leva tempo. Entrega subtende-se por algo espontâneo, voluntário, mas de certa forma conquistado. E essa conquista não está aberta gratuitamente a quem a quiser. Não basta querer. Não é uma via de mão única. É vivência recíproca, é se despir do que muitas vezes se quer esconder, é ao tentar se esconder, se mostrar. Pela verdade conhecida e reconhecida através da confiança conquistada por uma entrega. Entrega que prediz um pouco de fé. E um tanto de amor. Por si mesmo, pelo próximo, pelo todo. Amor que se entrega, amor que se confia, amor que tem o direito de existir, não só porque ele é amor. Mas porque soubemos fazê-lo presente e necessário nas constantes entregas em nossas vidas. Ainda que se demore algumas primaveras para se render, para confiar, para entregar-se por essência, de verdade e por completo. 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Do meu eu-lírico


Cansei de imaginar contos e sentimentos expressos em palavras por meio de um alguém que não as sente. Cansei de conseguir facilmente criar uma literatura que de maneira suave arranca alguns sorrisos e reflexões de quem os lê. Reflexões de um alguém que finjo ser, e que se esconde em alguma frase, entrelinha ou imagem a essência do que se é, do que realmente sou, do que na verdade desejo falar. Ou sentir. Deveras é bem melhor um recheio de sensações a vivenciar do que compartilhar mais um "Era uma vez, em uma terra distante"... Porque não quero o que era, mas o que está por vir. Não quero longe, pode ser aqui. Não desejo a facilidade instantânea que fada madrinha pudesse me oferecer. Não requisitei um príncipe encantado num cavalo branco e muito menos que o sapatinho de cristal caiba no meu pé 39. Eu só anseio que ande, galope, corra, mas que chegue... Chegue logo esse tal de "amor". Não os narrados nas histórias de ninar, nos filmes, nas peças, nas músicas românticas. Nem que seja digno de uma novela mexicana. Mas apenas o amor que faça intensamente meu eu-lírico inspirar-se por inteiro de mim mesma. Confessando cruamente minhas verdades - postas em prosa ou rima, do amor que me combina. 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Mais de mim


Ao despertar do sonho que você invadiu - com charme, de leve, me leve - olhei para o lado e busquei o encontro se realizar. Que pena que apenas avistei meu guardar-roupa escancarado, um coração desajeitado,  que você deixou ficar. Procurei as cartas trocadas, não havia. As anotações no diário, como acharia? Fora levado tudo, tudo que te trazia para mais próximo de mim. Só não pensaram que em minha vida, você não poderia ter chegado ao fim. E apesar de ter acordado da metade do sono, confirmei que meu coração ainda tinha dono. Aquele que após um café, realidade me alcançou, a me lembrar que na verdade nem tão perto assim você chegou - de ficar mais perto. Mas de certo, que até o momento não mudou. Você levou aquela parte de mim a que se chama inteiro. Sem saber, sem notar, sem ao menos me deixar. Me deixar ver, me deixar ter e me deixar ser mais de mim em ti.

domingo, 10 de março de 2013

Da surpresa


Se me permites dizer, houve um sopapo, algo que me paralisou ao te ver e embaralhou meus pensamentos. Faltou fala, sobrou riso e não me importaria se tivesse tido mais de nós.

terça-feira, 5 de março de 2013

Desista!



Na verdade, desista. Não insista em apressar as coisas, em se doar de mais ou de menos. Não insista em seus medos e traumas, um ou muitos pés atrás. Não insista em cobrir o sol com a peneira, em amenizar o que você sabe que não tem jeito. Não insista em procurar formas de agradar a todos, agrade a si mesmo e o mundo agradece. Não insista em acreditar pelos motivos errados ou nas pessoas que não te dão motivo. Desista em querer fazer embalagem rápida para viagem de um coração que insiste tanto em amar. No caminho, balança. Pode-se escorregar, cair, se perder, espatifar. E você já fez isso antes. Não quer ter que limpar a sujeira de novo, sozinho.  Você está por sua conta nisso. Mas se quer um conselho,  apenas desista! Porque há horas que o melhor a se fazer é insistir em busca de coisas melhores e desistir das que não te fazem mais bem.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ao que me calo


Se eu fosse escolher um alguém em quem confiar as minhas verdades, sem máscaras, nem  farsas e sorrisos encobertos... Encobertos para o que sou, o que sinto, o que quero, o que quis, o que já não se é mais, o que pensei outrora, o que me resta existir. O que me resta calar. O que me resta é ouvir. Ouvir meu silêncio ensurdecedor gritar que eu preciso de você. Embora se eu fosse escolher... Eu preferiria não ter escolha.