sexta-feira, 11 de março de 2011

Extravasar

Já te deu vontade de descontar suas emoções quebrando algo? Atirando-o ao chão, na parede, chutando, esmurrando? Mas você ficou só na vontade ou o fez? Quando era menor e meus pais brigavam eu não podendo fazer muita coisa, ficava por perto e também entre os dois. Certa vez me vi tão embaçada que tive vontade de pegar a bandeja em que ficam os copos e atirá-los no chão. Mas não o fiz, deu medo. O mínimo até então tinha sido pegar a flauta que na quarta série tocava duas músicas apenas e apitar com todo o meu fôlego. Só que isso me rendeu uma tapa, talvez um beliscão ou puxão de cabelo. de minha mãe. Não me recordo bem, mas não ajudou em nada.
Tempo depois quando aconteceu de novo, já em outro ambiente, peguei um copo de qualidade (não aqueles de bar ou extrato de tomate) e joguei no chão, no primeiro andar, na sala. Onde se espalhou por baixo da mesa e em cima do tapete também. E devo confessar que não tive melhor êxito, não. Meu pai quando se abaixou para apanhar o fundo do copo, olhando de uma maneira muito assustadora, jogou pro lado da cozinha. E eu fiquei tão nem sei qual palavra, mas por um momento pensei que ele jogaria perto de mim, para mim. Ou seja, tenso.
E hoje? Meu Deus! Hoje. Sabe quando você está com muitas coisas engasgadas e a pessoa não quer te ouvir? Ele se trancou e eu chamei. Não me respondia. Eu precisava falar. Eu me revoltei juntando um monte de coisas, ele descontando seus problemas em mim. Que fiz? Encarei a porta, dei aquela olhada de 'desculpa, mas agora eu vou descontar os MEUS problemas em você, querida' e três chutes, se não me engano foi o suficiente. Deu pra pegar a chave que tava no chão e abrir a porta para finalmente após tudo isso, falar algumas doses e chorar. Quando não tinha mais o que fazer, me levantei do sofá, liguei o ventilador, me joguei na cama e esqueci de tudo por algumas horas, enquanto no meu sono aparentemente ninguém me incomodava.